sábado, fevereiro 18, 2006

Adenda ao post anterior

Este é um problema mesmo interessante. Tive a pensar noutras deduções deste mercado: será que existem problemas com monopólios? Se sim como regular. Problemas de informação: uma mulher que julgamos inatingível (leia-se cujos standards de beleza que esta aceita estão acima do que nós conseguimos oferecer), poderá aceitar-nos e daí advém a nossa errada percepção, e os problemas de selecção adversa pois irá haver uma parte das relações que não se irá dar porque o homem pensa que não tem hipótese, ou vice-versa (beijos que ficam por dar).
Outro problema que falavas era o das expectativas, uma forma de resolver o problema das expectativas não realizadas: acordo pré-nucpial, mas até que ponto podemos anular um contrato (de casamento) sob a justificação que a noiva não é o que aparentava quando me propus. (num namoro pode acontecer porque não há leis que o proíbam, e muitos dos namoros que acabam se devem a isso, expectativas não confirmadas). Tal como o crescimento do PIB este problema tem que resolver-se assim: uma pessoa quando faz um contrato novo (começa a namorar com uma nova namorada) não deve usar as expectativas anteriores (ou seja para pagar os salários as empresas não devem usar a inflação do ano anterior), devem-se criar expectativas de uma inflação baixa no futuro e que esta nova relação irá ser diferente para melhor da que tivemos com a namorada antiga. O grande problema nos dois casos é que os agentes não acreditam nisso. Conclusão nunca usar as relações com namoradas antigas para decidir o futuro com as namoradas novas, economicamente faria sentido para estimular (ou como chalaça posso usar antes o termo aquecer) a economia das relações amorosas.
Temos de juntar aí os membros do ponto d’ equilíbrio e provar isto matematicamente… Porém isso seria uma antítese porque estaríamos a dar conselhos amorosos quando nós não teríamos tempo para ter vida sexual (pois seríamos uns cromos). Ah ah ah. Sou deprimente.

Teoria das Preferências Reveladas (2)

Grande post. Parabéns, é um assunto original e que implica consequências económicas multi-direccionais. Os meus parabéns desde já. Contudo, e de forma a aumentar o grau de discussão que este blog escasseia, tenho algumas opiniões.
Como primeiro ponto penso que o problema é que estás a olhar para o problema apenas do lado da oferta das mulheres e procura dos homens. Estás a assumir que a mulher aceita um homem que a procura, ou que os homens não têm custos inerentes ao facto de serem rejeitados. (não é que sejam problemas graves, ou não resolúveis com uma hipótese).
Segundo ponto, falas de bem de reputação, isso é interessante. Um problema recorrente dos bens de reputação é que os produtores (neste caso as mulheres) conseguem praticar preços crescentes com o aumento da concorrência. Neste cenário ao aumentar o número de mulheres disponíveis para um homem num espaço (ex. bar), aumentam os custos de este procurar alguma que lhe interesse. Pode parecer estranho, mas pensa na diferença entre os maximizadores e os satisfiers que dizes. Será que o garanhão tem mais hipóteses de conseguir uma mulher num bar com muitas mulheres onde não conhece nenhuma, ou num bar mais pequeno onde conhece toda a gente? A reputação só se transmite quando existe transmissão de incentivos pela oferta (mulheres), e estas por exemplo se conhecem entre si e sabem que competem umas com as outras. Uma outra associação interessante é que podes olhar para este cenário da seguinte forma: o preço neste mercado é o homem mais feio que cada mulher está disposta a aceitar. (isto é engraçado).
Um terceiro comentário é em jeito de complemento – verificar os problemas que existem na relação económica. Existe um maior risco quando a oferta é maior. Este risco talvez não tenha origem na selecção adversa que falavas porque nesse caso estava implícito que a mulher teria mais informação sobre as suas qualidades que o homem que a “escolhe”, isto é estranho porque as preferências são impossíveis de caracterizar (beleza e gostos). Por outro lado tenho que admitir que num bar o álcool pode levar a que haja uma distorção da percepção da beleza que o homem vê, e assim poderá escolher erradamente, mas mesmo neste caso penso que o problema também é de informação assimétrica, mas terá a ver com risco moral, neste caso ex ante. Isto significa que o homem antes de assinar o contrato com a mulher (normalmente assinalado com um beijo), altera o valor desse contrato fazendo uma acção que não estava prevista nesse mesmo contrato (o que normalmente num bar significa o homem pagar uns copos à mulher para alterar a sua percepção sobre a actual beleza do homem).
Como um quarto complemento que existe uma relação bidireccional, de homem para mulher e mulher para homem em que existe procura e oferta reversível dependendo do lugar onde observas. Mas para além de esta análise se tornar praticamente impossível (porque o produtor é consumidor ao mesmo tempo), acho que fizeste bem em analisar apenas do lado dos homens.
Em jeito de despedida resta dizer que a mulher como oferta tem um problema que os homens não têm: a sua publicidade (ou seja as roupas, a maquilhagem, etc.) não consegue dar resposta positiva a uma procura estocástica dos homens. Isto em português quer dizer que a mulher não está sempre “produzida” (não está sempre igual à forma como o homem a percepciona, e dai os sustos que alguns satisfiers têm quando olham para a almofada ao lado de manhã).
Muitos parabéns pelo post.