terça-feira, dezembro 06, 2005

OTA

É um assunto apelativo a não especialistas, tal como nós, mestres das opiniões infundadas. O tema que gostava de abordar é a localização, os argumentos que vejo a favor da Ota:

-1) Desenvolvimento de uma zona remota

-2) Acessibilidade

-3) Os terrenos alegadamente (palavra essencial neste argumento porque pode ou não corroborar a verdade, o que mostra que eu, tal como muitos jornalistas, não queremos saber da verdade, mas sim da noticia) pertencem a um candidato presidencial cuja idade supera a idade combinada de nós os três bloguistas. Pensando melhor, até daria para mais um.

Argumentos contra a localização na Ota:

-1) Longe demais de Lisboa

-2) Irá entupir ainda mais a entrada na capital pela 2ª circular

-3) Poderá não beneficiar a tempo do tgv

-4) Irá prejudicar o turismo em Lisboa dada a distância

-5) Terrenos com grande probabilidade de serem alagados e limitados no que diz respeito a expansão no futuro.

Agora os comentários. Como morador de Lisboa sei o que é viver com janelas fechadas no verão porque mesmo que estejam 40 graus na sala de aula, ninguém ouve o professor (mesmo com microfone) quando passa um avião. Mudar de aeroporto é algo que é imprescindível para a qualidade de vida.
Alguém que estivesse em Lisboa no euro 2004 sabe do que estou a falar, acordar ás 6 da matina com aviões a fazer um barulho descomunal não faz nada bem à saudinha.
Bem, a questão de entupir a 2ª circular é curiosa. Estamos a falar de algo que vai ser inaugurado em 2017, se o tráfego rodoviário for crescendo como até agora (mesmo nestes 4 anos que estou em Lisboa dá para notar uma diferença), a questiúncula da 2ª circular é irrelevante porque eu penso que será uma estrada em vias de expansão (criando substitutos viáveis q n se paguem, n como a CREL).
A questão 3) do tgv só mostra como vemos mal ao longe. O tgv parece que só está pronto em 2019, o próximo presidente terá entre os 80-94 anos, e como existe um lag anunciado entre a inauguração, tudo é um grande escândalo. Temos de olhar para onde estamos, somos um pais em que um mês para um empreiteiro tem uma interpretação muito abstracta. Todos nós sabemos que ou isto muda muito nos próximos dez anos ou em 2015 tá tudo à rasca porque ainda não está nada feito.
A questão do turismo é treta. Ninguém no seu perfeito juízo dirá “Epá já não vou passar férias a Lisboa porque o aeroporto é longe da cidade”. Aliás os turistas hoje em Lisboa dizem o seguinte “Este aeroporto (portela) é mesmo no centro da cidade”. Já agora, vão expandir a linha do metro até ao aeroporto da portela. Isto é uma decisão que faz pensar no poder da associação de taxistas de Lisboa na decisão da alocação das verbas para os transportes públicos.
Last, a teoria económica diz-nos através do modelo da cidade linear de Hotteling que a melhor localização será no centro de um segmento de recta onde se distribuem linearmente os consumidores alvo. As alternativas viáveis à Ota são uma na margem sul e outra em Alverca. As duas foram excluídas por falta de condições. Não há mais espaços, e curiosamente em Alverca o único que havia é em cima da reserva natural. Portugal pequeno… Se a Ota está no centro exacto dos utilizadores não sei, mas a Portela também nunca esteve.
Num país com dez milhões, o centro do aeroporto internacional para os lisboetas é no centro da cidade, onde toda a gente que queira um avião terá de entrar no trânsito. O egocentrismo lisboeta está latente em muitas opiniões publicadas, mas é compreensível, até porque tudo o que é para cima de Alverca “É Norte”. Aqui reproduzo um diálogo entre 2 lisboetas.
“já viste o novo aeroporto, é lá para cima. Ui, longe…”
“é verdade, quase em Coimbra ou assim!”
“com sorte ainda trocam os v’s pelos b’s lá, vai ser o abião”
“eu até tenho uns primos que moram por esses lados, como é que se chamam….”
“olha, devem ser os otários.”
Pronto ok, eu tentei a piadinha.

Deixo aos meus colegas a interessante questão do financiamento lembrando uma frase do nosso ministro da economia e inovação “Não se preocupem com o financiamento, afinal, a maior parte vai ser feito pelas gerações futuras.” Ele queria dizer quando o país tivesse saído da recessão, mas esqueceu-se, coitadinho.